quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

TETSUO: THE IRON MAN (Shinya Tsukamoto – 1988)

A primeira vez que assisti TETSUO foi em uma mostra chamada ORIENTE EXTREMO – O CINEMA TRANSGRESSOR JAPONÊS, em Junho de 2006 na Galeria Olido, aqui em São Paulo. Nesta ocasião tive a oportunidade de ver ótimos filmes, alguns inclusive estavam sendo exibidos pela primeira vez na telona por aqui.
TETSUO é um filme experimental, realizado inteiramente em 16 mm, com uma excelente fotografia em preto e branco e uma insana trilha sonora industrial. Isso é tudo que precisa ser dito sobre os aspectos técnicos da obra, não por falta do que analisar, mas porque a criatividade do diretor supera qualquer eventual amadorismo na feitura da película (este é o primeiro longa de Tsukamoto, após ter dirigido dois curtas coloridos em Super 8 entre 86/87).

Já na seqüencia inicial, em um ambiente que parece ser uma enorme funilaria, um homem introduz uma grande barra de ferro em um ferimento aberto em sua própria coxa. A partir daí é apresentado o protagonista, um salaryman psicótico que começa a ter devaneios bizarros nos quais é perseguido por uma mulher em uma estação de metrô, que aos poucos se transforma numa espécie de ciborgue ensandecida.

O filme possui um clima onírico, com uma edição rápida que não preza muito pela cronologia das cenas dentro do roteiro ou diálogos esclarecedores da trama, e a realidade do protagonista se confunde com suas alucinações e lembranças.
As mesmas transformações que ocorrem no corpo do misterioso homem que aparece em flashes imerso em um amontoado de bugigangas de metal parecem ocorrer involuntariamente no corpo do protagonista, e rapidamente vão provocar uma radical metamorfose em sua anatomia. São célebres as cenas do pênis transformado numa broca gigante e da sodomização com o que parece ser uma mangueira de aspirador com vida própria.
Apesar de que possa parecer um filme tosco ou apelativo, TETSUO é uma pérola do cinema underground mundial, com uma linguagem ousada e urgente, tendo ganhado status de Cult logo após as primeiras exibições na Terra do Sol Nascente. É com certeza um dos filmes mais cheios de estilo de sua década, e é freqüentemente citado como sendo o trabalho definitivo da estética cyberpunk no cinema oitentista.
A meu ver as partes mais criativas e interessantes da obra são as seqüencias em stop motion com os próprios atores correndo pelas ruas de Tóquio e a afiadíssima trilha sonora, que tive a oportunidade de ouvir num som alto, quase abusivo, tornando esta sessão em especial uma das mais marcantes experiências cinematográficas que já tive.

Recentemente um amigo me passou o link para o trailer de um filme japonês chamado MEATBALL MACHINE, e algumas cenas me lembraram TETSUO, ainda não sei muito sobre este filme, vou capinar na net por uma cópia do mesmo, e vamos ver se ele fica a par da expectativa. Se for metade do que é este clássico, já tá valendo!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

VISITOR Q (Takashi Miike – 2001)

Takashi Miike é um gênio, e se você está lendo esse blog provavelmente já sabe disso. Se ainda não sabe, assista a algum filme dele e comprove. Comece por VISITOR Q, você não irá se arrepender.
Este filme faz parte de uma coletânea de seis longas chamada Love Cinema, um projeto envolvendo diretores independentes japoneses, e embora tenham sido apresentados em sessões exclusivas em uma única sala de cinema em Tóquio por um breve período, foram lançados diretamente no mercado de vídeo japonês. A proposta da coletânea era chamar atenção para a produção mais barata das novas mídias digitais disponíveis na indústria cinematográfica no início da década.
Até aí, tudo bem. Mas Miike parece ter visto nesta empreitada a oportunidade de chocar o público. E mesmo que ele não tenha feito o filme com este objetivo em mente, ele se saiu muito bem!

Ao assistir o filme acompanhamos uma família em que o pai é cliente regular da filha prostituta, a mãe também se prostitui para poder sustentar o vício em heroína, o filho apanha de valentões na escola, mas espanca a mãe sadicamente em casa e por aí vai... Em meio a esse caos familiar, um homem misterioso (o visitante do título) será acolhido pela família após ter agredido o protagonista violentamente com uma pedrada na cabeça nos primeiros minutos da trama.
Contar mais seria estragar as surpresas do roteiro para quem ainda não assistiu ao filme, mas se você achou bizarro até agora, ainda não viu nada. A violência aumenta e há espaço na história para mutilações, homicídios e até uma hilária cena de necrofilia! Tudo isso ocorre sem que nada seja mostrado na tela de forma gratuita, confirmando o talento do diretor.
Fiz as contas aqui e já assisti a 19 trabalhos de Miike, o que é muito pouco considerando que sua filmografia atualizada indica que ele possui mais de 70 trabalhos desde sua estréia em 1991 (entre longas para cinema, TV e mercado de vídeo, documentários, episódios e séries de TV completas).
Alguns de seus filmes foram lançados em DVD no mercado nacional, anotem aí: ICHI THE KILLER, DEAD OR ALIVE e DEAD OR ALIVE: BIRDS pela Europa Filmes, que não se dignou a lançar DEAD OR ALIVE FINAL e completar a trilogia; IMPRINT pela Paris Filmes, episódio integrante da primeira temporada da série de TV a cabo MASTERS OF HORROR; ONE MISSED CALL pela Alpha Filmes, somente para locadoras, tentando pegar rabeira no sucesso que fez a regravação norte-americana por aqui intitulada UMA CHAMADA PERDIDA; e por fim FAMILY pela Orion Filmes, em uma edição tosca com uma dublagem muito vagabunda por sinal.

VISITOR Q compete com ICHI THE KILLER como meu filme preferido de Takashi Miike, e Takashi Miike compete com Park Chan-Wook e Alejandro Jodorowsky pelo posto de diretor preferido deste que vos escreve. Mas isso é pano para manga para outras postagens!